Bastião e Mariazinha 2023 

Quantos de nós, cosmopolitas de ser,

andamos em caminhos duvidosos,

muito duvidosos pelas ruas e vielas do tempo?

Quem já não foi dono de quatro flores

sedentas de amor, carinho e joias de enfeitar?

 

Que jogue a primeira folha de lantejoula quem ainda não se perdeu

nas dunas de Afrodite ou não foi ferido

por um espinho de uma rosa ou um cactus do dito amor.

O jeito é fazer roçado de fazenda pra arregimentar

mãos de trigo e pão ou vender palitos e remexer colheres

nas terras da Dona Mariazinha e do Seu Bastião!

 

Isso é porque o tal do Bastião não tem jeito.

Vive enrolado numa saia ou lantejoula por aí.

Diz que vive sozinho, até sem carro, "ando a pé", me diz.

Mentira! Tem até carro do ano e finge que não consegue

nem mais ir na padaria comprar o pão para o café da manhã tomar.

 

Que nada!

Enquanto Mariazinha acredita nas lorotas do Bastião

ele só quer saber de na rua zoar.

Anda com quatro mulheres e nem fica vermelho em admitir.

Diz que são mulheres de amor, carinho,

mas reconhece que querem joias e

não vivem sem um tostão do Bastião.

 

Ah! O moço ainda fica triste que perdeu as madames.

Contou que se achava dono das quatro,

mas descobriu-se ele adonado por elas

que lhe mandavam

e ainda lhe davam um montão de carinho,

mas transformaram a vida do Bastião

num inferno de dívidas e prestações.

Perdeu a fortuna o coitado.

Ficou pobre, desamparado.

 

Foi atrás do amor das Afrodites

e caiu nas dunas de um golpe fenomenal.

Perdeu as mulheres, as lantejoulas

e as saias voaram pra outros colos.

Ficou pobre e sozinho o Bastião.

 

Mas o homem é esperto.

Sem um tostão rumou pra Vila dos Vinténs

ao encontro da Mariazinha,

a mulher que faz o pão na padaria

em que toma o café o Bastião.

 

Pra lá ganhar um pedacinho de pão

e marmita na bodega do Seu Rui,

Bastião faz roçado de fazenda

e ainda rinha com a mulher dizendo:

agora sou peão de roçado, e ainda sofro sem carinho,

sem beijo, sem saia ou abraço apertado,

mas sou feliz porque vendo meus palitos,

remexo as colheres da Mariazinha e cosmopolita já fui!