Velho é o preconceito
Velho, ancião ou idoso
Por que tem que rotular?
Mas para que apequenar ?
Seja então mais generoso
Todo sujeito amoroso
E que tem vida contente
Não se julga onipotente
E não se prende a chatice
Depois que chega a velhice
Tudo fica diferente
Para alguns remédio e cama
Para outros pijama e dor
Tem poucos que são condor
Livres nunca reclamam
Vivem, curtem, muito amam
Voltam a ser adolescentes
Bebem cerveja e aguardentes
Dizem não a caretice
Depois que chega a velhice
Tudo fica diferente
Sua árvore já plantou
Também seu livro escreveu
De tudo um pouco aprendeu
Os seus filhos já criou
Novo rumo ele traçou
Viver em novo ambiente
Poetisar sem batente
Se aventurar como Alice
Depois que chega a velhice
Tudo fica diferente
Tudo depende da opção
Do rumo que vai escolher
Pois se prefere sofrer
Esqueça sonho e ilusão
Mas te alerto meu irmão
Eu sou da vida aderente
Nunca fui obediente
Digo não para a mesmice
Depois que chega a velhice
Tudo fica diferente
Para mim tá bem legal
Vivo a vida bem suave
Voo livre tal qual ave
No azul e com bom astral
E faço sexo animal
De uma maneira eloquente
E também muito indecente
A moral é babaquice
Depois que chega a velhice
Tudo fica diferente
Eu findo aqui minha glosa
Não quero lhe convencer
E nem mudar o seu ser
Acredite que sou prosa
Tenho vida nebulosa
E não me prendo a corrente
Sonho um sonho transcendente
Sem ter credo e sem crendice
Depois que chega a velhice
Tudo fica diferente
Glosas: Jessé Ojuara
Mote: Normando Cordeiro