A Afirmação
A Afirmação
Há um coro inserido em minha mente;
Ternas vozes entoando a Liberdade:
"Se não podes auferir Felicidade
Dê adeus à essa vida Incongruente!"
Não lhe cabe conviver resignado
Com a mágoa; o terror da sua vida!
Tal mendigo fedorento e malogrado
Que não sente apodrecer sua ferida!
É melhor fazer a vez de um pragmata
Vislumbrando no prazer da utilidade:
Que a morte, com ou sem eternidade
Só é útil para àquele que se mata!
Que é preciso pro poeta se adequar?
Olhe só, uma resposta inexistente!
Mas pra dor e toda mágoa sepultar:
Um baraço em um caibo resistente!
Tu já foste à Boa hora vespertina
Ver o sol obstinado no seu posto
Nem por isso socorreste a tua sina
Das areias movediças do Desgosto!
Dos afagos femininos já provastes;
Procurando ser nos beijos Saciado,
Mas saindo da alcova,encontrastes;
Tua alma; um porão desabitado!
O convívio nada trouxe à tua vida!
Isolado, tua dor foi redobrada,
Sendo assim, ó alma assaz aborrecida
Vá ligeiro encontrar a luz do Nada!
Com certeza falarão os conhecidos:
Que desgraça! ele ainda era tão moço
Passeando com olhares enxeridos
O motejo ao redor do teu pescoço!
Chorará o clã de tua parentela
Debruçado sobre a tampa do caixão,
Tua mãe desmaiará ; coitada dela
Nunca mais terá de volta o coração!
Vendo assim, hão de chamar-lhe egoísta
Quem são eles pra julgar teu sofrimento ?
Se matar é a ação mais intimista
E assim, nem a Deus cabe o julgamento!
As insones madrugadas que tu coses
Não mais vão se estampar no teu semblante,
Ouve então o ar fraterno dessas vozes
E dissolva a existência irrelevante!
Acompanhe meu distinto camarada;
O caminho desta ordem benfazeja!
Como as velhas acompanham na igreja
A mensagem por Jesus apregoada!
Muita vez só é preciso dar um basta
Pra que em torno tudo seja resolvido
A angústia que aos poucos te desgasta...
É um verme que a vida tem nutrido!"
Um balanço de cabeça renuente
O suspiro de alguma negativa
Não farão tua cabeça pensativa
Escutar-nos de maneira indiferente!
Rogue ao Céu a plena cura pro teu peito
Ou eleve para Deus as mãos dispostas
E verás se tua fé pode dar jeito
No deserto dessas dores sem respostas!"
Ó Palestra do Inferno Inebriante
Posso sim, viver a vida sem um sonho!
E por mais que ela seja angustiante
Enojado, em vivê-la me proponho!