DONA CATARINA - PARTE UM

Dona Catarina é uma senhora de idade avançada

Que vive sua vida tranquilamente em um bairro vazio em uma cidade afastada.

Ela tem uma chácara pequena, com uma hortinha sensacional

Cuida bem de suas galinhas, assim ela garante a ceia de natal.

Dona Catarina tem um sorriso triste e não costuma conversar,

Mas em alguns dias quando exagera na bebida ela começa a falar.

A vida que aquela senhora costuma falar não faz jus com a paz e tranquilidade transmitida por ela

Ela passou por mals bocados e sofrimentos que parece vida de novela.

Dona Catarina costuma dizer que saiu de casa jovem, tinha apenas 13 anos de idade.

Ela nasceu e cresceu na Bahia mas fugiu de casa na adolescência porque cansou de ser violentada pelo pai, sim isso é verdade.

Sua mãe mesmo sabendo o que a Catarina passava, nunca teve nenhuma ação

Então a Catarina trabalhou na roça, juntou uma quantia de dinheiro e fugiu pra São Paulo de caminhão.

A viagem foi complicada, muito calor e estradas acidentadas.

Alguns passageiros que não aguentaram a longa viagem foram enterrados em valas abandonadas.

Demorou 7 dias com ela morrendo de sede, fome e sem dormir direito,

Conhecia diversas histórias de furto e isso fazia ela considerar todos suspeitos.

Chegando em SP, ela desceu na Sé e passou uma semana atrás de emprego,

Afinal esse foi o motivo dela ter viajado tanto tempo no aperto.

Conseguiu um trampo de diarista na casa de uma família japonesa.

Pra ela que vivia no interior do Nordeste a casa daquela família parecia de uma realeza.

Ela sofreu um pouco pra se adaptar as rotinas de trabalho e a família era demasiadamente rígida

Uma vez sem querer ela quebrou um copo e isso lhe custou 2 refeições, as vezes a patroa a tratava bem mas a maioria das vezes tratava ela de forma ríspida.

Mesmo sem salário, o conforto do lar e a tranquilidade de saber que ia poder almoçar

Fizeram com que Catarina trabalhasse durante 3 anos naquele lar.

Com 16 anos ela já era adolecente e por insistência da patroa começou a estudar.

Mas com o amadurecimento da jovem, seu corpo foi evoluindo e seu patrão começou a observar.

Num belo dia a patroa saiu pra trabalhar e levou as crianças pra escola,

O patrão coincidentemente pegou o dia de folga.

Catarina estava na cozinha lavando pratos e sentiu uma mão encostar suas costas por baixo dentro da camisa,

Aquilo fez com que ela congelasse de medo, na hora veio flashbacks da infância.

A coitada não reagia, só conseguiu ajoelhar e chorar,

Mas nada disso fez com que ele a largasse, o patrão em nenhum momento cogitou parar.

Após alguns meses os abusos ficaram rotineiros

Ela se sentia muito mal com aquilo, mas não sabia como contar pra patroa sobres os abusos.

Não basta o quanto sofreu com o pai, a vida lhe proporcionou mais esse sofrimento.

Uma noite sem mais nem menos a Catarina fugiu da casa, saiu com uma mochila abastecida de roupas e um pouco de mantimentos.