Não sou deusa, nem santa sou.

Mas, sou sempre perto das aves sem prumo,

dos pés quebrados e braços

que perderam a força da vida.

Delas defendo e protejo.

Amo-as.

 

Meu olhar as vê lá onde estão,

meu olhar as encontra onde são.

Vagam sem ninhos,

à procura de se achar.

São cisnes que assim não se sabem.

 

Seu canto é um choro na escuridão,

sua voz é um grasnar de solidão.

Vejo seu pranto, acolho as lágrimas

e abraço suas asas com o genuíno amor.

Tento ser espelho para que vejam

e abram suas asas e reaprendam a voar.

 

Sonho o revoo.

O reencontro do caminho

para o ninho.

É o evento do dia

o sonhar.