Imersão
A noite cai sob o céu cinza que um dia foi azul
A brisa da noite adentra pela janela que range numa tentativa frustrada de se fechar
Daqui de cima, tudo parece pequeno
Pequenas luzes brilhantes mostram que as pessoas estão em suas casas
Suas minúsculas e quadrangulares casas
As montanhas se unem ao horizonte formando suaves ondas
Ondas que não se quebram, ondas que não oscilam, apenas ondas
Paradas e estáticas no cenário mais distante que meus olhos conseguem enxergar
Assim como eu, parada e estática nessa minúscula sala
Ouvindo os ruídos de uma cidade viva, mesmo num lugar tão morto
Viva não sei se é a palavra certa, tá mais para habitada
O ronronar dos carros
O conjunto de vozes ressoantes a se misturarem
O abrir e fechar da porta dos ônibus
Eu imagino todos esses cenários na minha cabeça
Me transporto
E, num piscar de olhos, sinto como se não estivesse aqui.