Sinto que sinto,
que nada me passa,
que sou alcance,
pedras de triturar,
comodatos dos fiéis
cavaleiros sem reino.
Se vem da terra,
boia na água,
encharca os vinhedos,
sem voltas, de passadas
e goles rápidos,
cheio de repentinos.
Sinto o que falta
começar para
acabar.
Sinto que falta,
o início do falso,
que também começa a chegar.
Sinto o que passa:
na terra dos caracóis.
Se ela passa
vou untado de mel!
na terra só minha,
onde rodopiam girassóis!
Não importa seu caminho:
deve ser curto,
cheio de pavio, premente
para lançar chamas
no vale do amor
sem sol.
Se vai, não vou atrás.
Não me importo
com abreviaturas da vida,
se não ela passa, passamos nós.
Se o pêndulo da meia-noite
marca as horas do medo,
afago as mãos dela,
e peço, meio cáustico
e redentor,
me deixe sozinho
neste jugo de solidão.
Se foi, partiu devagar.
Se chegou, veio com pressa,
se me mandou cantar,
afogo minha voz
na ária dos mudos.
Se está certo
o certo vai provar.
Se errado caminhou
o cervo vai acordar.
Se sou dois caminhos
numa trilha apagada,
sou voz trêmula, também
pra gritar:
Me procura, nos
caminhos curtos,
de vento azeitados.
É lá que fico,
por horas,
por esmero,
à espera da saia longa,
brocada de suaves e
lânguidos amores.
É lá que espero.
É lá que mora
meu desespero!
Lá no caminho
árido dos curdos !
(Poesia dedicada à Ticiana )