Sinto que sinto, 
que nada me passa, 
que sou alcance, 
pedras de triturar, 
comodatos dos fiéis 
cavaleiros sem reino. 
 
Se vem da terra, 
boia na água, 
encharca os vinhedos, 
sem voltas, de passadas 
e goles rápidos, 
cheio de repentinos. 
 
Sinto o que falta 
começar para 
acabar.
 
Sinto que falta, 
o início do falso, 
que também começa a chegar. 
 
Sinto o que passa: 
na terra dos caracóis.
 
Se ela passa 
vou untado de mel! 
na terra só minha, 
onde rodopiam girassóis! 
 
Não importa seu caminho: 
deve ser curto, 
cheio de pavio, premente 
para lançar chamas 
no vale do amor 
sem sol. 
 
Se vai, não vou atrás. 
 
Não me importo 
com abreviaturas da vida, 
se não ela passa, passamos nós.


Se o pêndulo da meia-noite 
marca as horas do medo, 
afago as mãos dela, 
e peço, meio cáustico 
e redentor, 
 me deixe sozinho 
neste jugo de solidão. 
 
Se foi, partiu devagar. 


Se chegou, veio com pressa, 
se me mandou cantar, 
afogo minha voz 
na ária dos mudos. 
 
Se está certo 
o certo vai provar. 
Se errado caminhou 
o cervo vai acordar. 
 
Se sou dois caminhos 
numa trilha apagada, 
sou voz trêmula, também 
pra gritar: 
 
Me procura, nos 
caminhos curtos, 
de vento azeitados. 
 
É lá que fico, 
por horas,
por esmero, 
à espera da saia longa, 
brocada de suaves e 
lânguidos amores. 
 
É lá que espero. 
É lá que mora 
meu desespero! 

 

Lá no caminho

árido dos curdos !

 

(Poesia dedicada à Ticiana )

José Kappel
Enviado por José Kappel em 21/12/2022
Reeditado em 21/12/2022
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