quero um beijo doce,
feito de água-de-amor,

que lembra
puro arroz de campo,
que não vai embora.

 

quero um olhar castiço, de cor azul,

onde plaina o hoje
e vale tanto - ou mais -
que ganhar o conflito.

 

presença do sol , é tão vital como 
o pólio é para os pássaros,
como o vento  é para a montanha,
igual ou mais, do que a rubra  ave.

 

presença da vida
que me falta

ou

da morte

que faz

os meus desalinhos.

 

é sua mão de carinho,
me afagando e dizendo:
cheguei com o vento
e agora virei tempestade

dos poucos.


é o cordão de ouro
em seu pescoço,
a espada mágica,
que ameniza nosso amor
a mesa dos perdulários.

 

é o poder que se torna

mais poder,

é o amor que se torna

flor arranhada.

 

a vida não fica parada :

um dia é assim,

noutro,

 nem os espelhos

conseguem refletir

 

refletir que, em algum céu

desvairado,

a página em branco

ainda vai ser escrita.

 

(Poesia dedicada à Taciana )

 

 

José Kappel
Enviado por José Kappel em 20/12/2022
Reeditado em 20/12/2022
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