quero um beijo doce,
feito de água-de-amor,
que lembra
puro arroz de campo,
que não vai embora.
quero um olhar castiço, de cor azul,
onde plaina o hoje
e vale tanto - ou mais -
que ganhar o conflito.
presença do sol , é tão vital como
o pólio é para os pássaros,
como o vento é para a montanha,
igual ou mais, do que a rubra ave.
presença da vida
que me falta
ou
da morte
que faz
os meus desalinhos.
é sua mão de carinho,
me afagando e dizendo:
cheguei com o vento
e agora virei tempestade
dos poucos.
é o cordão de ouro
em seu pescoço,
a espada mágica,
que ameniza nosso amor
a mesa dos perdulários.
é o poder que se torna
mais poder,
é o amor que se torna
flor arranhada.
a vida não fica parada :
um dia é assim,
noutro,
nem os espelhos
conseguem refletir
refletir que, em algum céu
desvairado,
a página em branco
ainda vai ser escrita.
(Poesia dedicada à Taciana )