HÉRAKLES E OS DRYOPIANOS 1/2'
HÉRAKLES E OS DRYOPIANOS I – 29 maio 22
Ainda acompanhado por seus aliados Arcadianos,
Até ao sul da Trácia Hérakles jornadeou,
Onde permaneceria algum tempo sem lutar,
Sob a proteção de seu rei Ceyx (*)
Mas durante a viagem encontrou os Driopianos,
Na região em que o Monte Parnasso contemplou
E ali seu rei Theiodamas foi achar,
Arando o campo. Ao que tudo indique,
Queria um pretexo para fazer a guerra,
Contra esse povo, invasor daquela terra.
(*) Pronunciado “Ceíque”.
Ou, pelo menos, era o que se afirmava.
Theiodamas seguia o arado que dois bois puxavam
E assim Hérakles foi pedir-lhe um de seus bois,
Que naturalmente Theiodamas recusou,
Razão por que Hérakles rápido o matava
E degolava um boi, cuja carne logo devoravam
Os seus aliados Arcadianos. Porém, logo depois
Do sulco aberto pelo arado seu filho Hylas resgatou,
Cuja mãe diziam ser a ninfa Menodice,
Filha de Órion, como na época se disse.
Mas o que de fato a Hérakles enfureceu,
Foi quando retirou o boi do arado
E viu o pequeno Hylas sobre a terra,
Que Theiodamas pretendera sacrificar
E garantir assim para esse campo seu
Uma colheita abundante e de bom grado.
Essa maldade o nosso herói encerra,
Ao pai desnaturado indo então decapitar
E a Menodice, sua mãe, o devolveu,
Mas ao povo da cidade seu ato enfureceu.
Existe aqui realmente um paralelo
Com o artificio por que foi desmascarado
Odisseus de Íthaca, que fingia loucura,
Para não ter de ir a Tróia combater.
Seu filho Telêmaco colocaram nesse zelo
Diante do arado por seu pai empurrado,
Que então o deteve da forma mais segura;
Talvez lembrassem de Theiodamas pretender,
Nessa noção odiosa da religião antiga,
Que o sacrifício infantil melhor ceifa consiga!...
HÉRAKLES E OS DRYOPIANOS II – 30 maio 22
Contam também que depois que ao rei matou,
Em seu trono colocou um certo Fylas,
Mas também este acabou executado,
Porque o templo de Apollo violara;
Em defesa de Delphos, Hérakles o atacou
E acrescentou sua filha Meda às longas filas
De princesas que com frequência fecundou
E Antíoco no seu ventre assim gerara,
Que foi depois para Athenas enviado,
Uma demé ou tribo tendo dele derivado.
Então a revolta dos Dryopianos derrotou
E os expulsou da cidade que fundaram
Junto ao Monte Parnaso e em seu lugar
Colocou os Molianos, que o haviam ajudado
E para eles sua legítima terra recobrou.
Aos principais Dryopianos escravizaram
E para Delphos como oferta os enviar,
Mas Apollo não os quis em seu lugar sagrado,
Porque o templo não tinha deles precisão
E os liberou da temporária escravidão.
Foram mandados para o Peloponeso,
Do Rei Euristeu entregues à discrição,
Que justamente, por sua antiga inimizade
Com Hérakles lhes deu terra conveniente,
Sua população logo acrescida de mais peso
Por outros fugitivos de sua própria nação,
Autorizando-os a ali fundar uma cidade,
Mas vendo um vasto espaço ali assente,
Fundaram três, Hermíone, Éion e Asine,
Para fugitivos que ali outra vez o rei destine.
Mas os Dryopianos eram muito numerosos
E alguns partiram para a ilha de Eubéia,
Enquanto outros em Chipre se instalaram
E a ilha de Cynthos igual colonizaram,
Mas esqueceram sua origem os mais ditosos
E somente o povo de Asine a sua odisseia,
Segundo Diodoro Sículo, ainda recordaram,
Que cada dois anos os festivais celebraram
Em memória de Dryops, o seu antecessor,
Em um santuário erigido em seu louvor.