Cordas no raiar do sol
Quando acordamos
Com o beijo do sol
Nas nossas testas
Por padrão, nossa vontade
De deixar a cama
É tão neutra
Quanto a cor
Que anula
Outras cores
No entanto, antes do tecer
De pensamentos
Cordas são amarradas
Em nosso corpo
O pescoço
O tronco
Os punhos
Os braços
As pernas
Os pés
E nos puxam para fora
As coisas que nos puxam
O sorrir de uma mãe
O orgulho de um pai
As palavras de um irmão
O abraço de uma irmã
A busca por um propósito
O cumprimento de um amigo
A poesia em forma de doce
A orquestra das ondas
Dedos verdes das árvores
Ou até mesmo o prazer
Do auto-amor
Nos momentos nos quais
Nos afundamos nos lençóis
E nos buracos gerados
Pela gravidade de nossa
Negatividade
Essas são as mãos
Que nos seguram
E nos puxam para cima
A pior situação
Seria estar carente
E desprovido
De vínculos
Que podem se amarrar
Aos nossos membros
Para nos puxar
Nesta situação, nós só podemos
Ver o distanciar
Do beijo do sol
Enquanto nos afogamos
Em lençóis
E sucumbir
Ao eternos descansar