Cordas no raiar do sol

Quando acordamos

Com o beijo do sol

Nas nossas testas

Por padrão, nossa vontade

De deixar a cama

É tão neutra

Quanto a cor

Que anula

Outras cores

No entanto, antes do tecer

De pensamentos

Cordas são amarradas

Em nosso corpo

O pescoço

O tronco

Os punhos

Os braços

As pernas

Os pés

E nos puxam para fora

As coisas que nos puxam

O sorrir de uma mãe

O orgulho de um pai

As palavras de um irmão

O abraço de uma irmã

A busca por um propósito

O cumprimento de um amigo

A poesia em forma de doce

A orquestra das ondas

Dedos verdes das árvores

Ou até mesmo o prazer

Do auto-amor

Nos momentos nos quais

Nos afundamos nos lençóis

E nos buracos gerados

Pela gravidade de nossa

Negatividade

Essas são as mãos

Que nos seguram

E nos puxam para cima

A pior situação

Seria estar carente

E desprovido

De vínculos

Que podem se amarrar

Aos nossos membros

Para nos puxar

Nesta situação, nós só podemos

Ver o distanciar

Do beijo do sol

Enquanto nos afogamos

Em lençóis

E sucumbir

Ao eternos descansar

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 12/12/2022
Código do texto: T7670168
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