POETA MERCENÁRIO 💠

Este poema, inútil, pretensioso

Nada mais é que um labirinto

Enigmático, insolúvel

Quem dera fosse um cálice, a refeição derradeira, o último desejo que se dá a um condenado

Perfeito, geometricamente alinhado pelos vértices, plantado em terra fértil

Mas não

A enxurrada lógica lhe embaralha as frases em meio ao barro

O poema busca abrigo, significado

Que na falta desses, nem começou a nascer e já foi abortado

O poeta jaz no seu legado, escrito, mas que nunca foi declamado

E busca a metade de sua alma, que lhe faltava

E na solidão se sente acompanhado

A visão alcança ao longe

Como águia busca a presa

Nas quimeras desta vida e incertezas

Abre mão da pouca poesia que lhe resta diante deste ato derradeiro e vil nobreza

Se sente despido

Uma nudez que corrói a alma já gasta

Por seus pensamentos e desígnios

Descoberto

Como quem despe a pele seca diante dos espectadores

Mesmo diante disso dá seu último suspiro e descarrega o coração

Onde se acumulava luz e glória

E seu futuro assaz incerto

O poeta e seu contraditório labor diário

Abre mão do por do sol de cada dia

Ora, pede, súplica

E cada poesia é seu legado

E obrigado pelas letras e rimas

Se joga no olho do furacão

Sem ter medo enfrenta o vão

E hoje rima

Enquanto a vida o obriga, num esforço mercenário.

0812221339

Selton A Jhonn s
Enviado por Selton A Jhonn s em 09/12/2022
Reeditado em 14/04/2023
Código do texto: T7668225
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