Desse jeito.
A cabeça fica tonta
A pressa te enfeitiça
Os pés começam
Coração parece até ter asas
A razão adormecida acorda
Estraga a festa
Nada resta, solidão
No fim das contas é só isso, irmão.
Vida melhora
A conta que resulta
Aponta nessa direção
Se chorar, faça escondido
Borboletas revoando
Lá fora, linha da janela
Longe vai-se a conta que não fecha
A saudade tenta olhar no tempo através
A razão fecha a janela
No fim das contas é só isso, irmão.
Os pés sem chão dançam felizes
O fim de mês, cumprido o compromisso
Se deixou-se de viver o mês ou não...
O coice da razão, outra vez a solução
Nada além disso, irmão
Asa é coisa da imaginação
Minha janela range sem fazer ruído
Coração feliz, da maneira que o quis a razão
A vida é uma flecha que voa
Passou por mim tão depressa
De maneira que
Jamais pudesse vê-la inteira
Queima lenta como a vela
A gente tenta manter-se acordado
E quando acorda, olha de lado
Transformou-se em cêra
Algo disforme que se ajunta
Coração calado
Escondido ali no peito
Alheio ao fato
De ter feito ou não sentido
Pergunta à razão
Se o compromisso à vida firmado
Terá sido plenamente satisfeito
No final de tudo é desse jeito, irmão.
Edson Ricardo Paiva.