Sou parte da nesga,
que constrói o desespero,
do início e do fim
das coisas perenes.

Formo a angústia da espera.
Torno o tempo escasso
e volátil.

Sou pária em seus braços,
colisão da ausência.

Sou texto familiar,
moinho espanhol,
palha dos mendigos.

Meu caminho é pedrado de
dúvidas, é
rota de colisão
com a ânsia e a solidão.

Sou administrador do
medo. Senhor de
todas as abadessas,
donas do prazer
enigmático.

Sou plantonista do amor
dos sem fins,
dos sem causa,
e sem sombra.

Moro à bessa,
a beira de um rio,
onde falha a segurança,
e brinco de vida e morte.

Meu sol não acende
mais minha vida, e a lua
é quadro lastimoso,
estático,
que não inspira coisas
de amor,
mas só levanta o pó
dos tropeiros da guerra.

Agora, são  horas
em minha vida,

que me sufragam

em mera dor

na
hora para caminhar entre
arranhos e
desesperos,
e nadar no vazio
das almas ocasionais.

À você fica o abraço querido:
quando da próxima vez a nos ver,
carrega um pouco de cura,
e um formidável abraço
de acalanto !