Não há como perder o tempo.

Nele vivemos.

Mesmo se metade já passou,

metade foi vivido.

Se você está no tempo,

não há como não o ter vivido.

Se bem ou mal,

se em paz ou em ebulição

de castigos que você mesmo se faz,

aí só você pode me dizer.

 

Nunca procure pelo princípio,

nunca vais achar.

Foi um tempo de nascer

e se fazer homem.

Vais encontrar o seu Fim.

Isso vai.

 

Mas, olha!

 

Não há como voltar,

mas há como recordar,

memoriar, guardar

lembranças antigas

pra todo sempre e acalentá-las

em noites de solidão e saudade.

 

Como diz o Poeta,

temos todos os eventos,

do primeiro ao último.

E isso, pra ele, basta.

 

Por isso digo: alcance o hoje.

Se isso você conseguir

já terá andado metade do caminho.

Agarre o hoje como te agarras

as saias de seda e cetim dela.

 

Concluo, que não

nos perdemos no tempo,

mas nos achamos nele.

Porque ele nunca é o mesmo

e não redemoinha

em idas e voltas como nós.

 

Ele só vai.

Sempre em frente.

Volta não tem.

Onde nos perdemos então?

 

Nos perdemos dentro de nós mesmos

ou nos plantamos, raízes profundas,

no coração e alma um do outro

e não sabemos mais achar

um caminho pra gente voltar.

Mas isso não é um desastre.

É o amor que um dia deu um toque de vida

em nossa primeira porta

e se nós a abrimos nos deparamos

com um encontro de luz.

 

E dele, não há mais como fugir.

É o tempo de viver.

 

Viva!