MUNDO CIGANO

MUNDO CIGANO

Amélia Luz

Na Vila dos Ventos

Tudo é sentimento!

A mulher cigana

Que a tantos engana

Tem rosto de mistérios...

Saias rendadas

Adornos de cetim

Só pede uma prenda

De puro carmesim.

Corpo sensual

Que vagueia pela avenida

Atraindo olhares curiosos.

Vinda de longe

Não tem história

Sua vida é o agora!

Traz o oriente nos traços

Nas asas do tempo

E no esguio porte

Que não mente.

Arde a fogueira no chão

Em brasas está o coração

Geme o violino

Jovens bebem e dançam

A música flamenga

Na tradição tribal...

A tenda é rota, desbotada,

Lá dentro, adivinhações,

Sortilégios, premunições...

As cartas rolam silenciosas

Deslizam entre os dedos cansados

Decidindo boa ou má sorte...

Revelam dores de amores perdidos,

Separações e grandes fortunas à vista...

Na Vila dos Ventos

Zíngara é passageira cobiçada

Com seus encantos de mulher

Assim, a vida corre, desordenada.

Segue apressada sem normas

Levando a caravana à deriva,

Para onde o vento soprar...

Nada é duradouro

As estacas são cravadas

Entre trapos coloridos

Sem deixar ou levar memória...

São retiradas e levadas sem vestígios,

Na calada da noite misteriosa.

Pensamentos esfumam ao vazar do olhar

No horizonte de mais uma estrada.

Na carroça apetrechos variados,

Tachos azinhavrados, a arte no couro-cru,

Artesanatos de cobre ou de contas coloridas!

O negócio, a “manta”, a barganha,

A sabedoria ao trapacear.

Adormece-se acampado aqui

E, ao alvorecer, seguem caminho,

Embriagados pela madrugada

Que chama para a aventura.

Abrem-se trilhos e veredas

Surgem novos sonhos no horizonte,

A caravana passa devagar

Enquanto a vida persiste

No rumo da liberdade!

Amélia Luz
Enviado por Amélia Luz em 28/09/2022
Código do texto: T7616557
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