Setembro
Uma areia quente me distrai...
Um estranhamento em meus medos.
Tudo parece passar aqui do outro lado da minha vida.
Como terra e água.
Aquilo que molha também se move entre os grãos...
Uma música chega aos sentidos pelas mãos cobertas de areia.
Em um sonho eu me aqueceria tão levemente!
Mas logo penso na noite das tábuas cortadas.
Uma passagem agoniada...
Uma tristeza sem nome...
Uma paisagem também sem nome!
Um ruído em minha existência.
A mais antiga...
Aquela que não tem nada de novo.
Só memórias da casa do mundo.
Memórias atravessadas pela manhã nebulosa do dia.
Que chega numa brevíssima introdução ao sentido da vida...
A areia quente novamente me distrai...
Comi o calor, a dor, a traição, a desonestidade, o silêncio...
Andei no sol sem achar sombra.
Andei só, sem acreditar em mais nenhuma estrada...
O tempo se fez só!
Sozinho para mim!
Mas agora ele me alegra.
Porque sou o passageiro do fogo e do ar.
E por aqui passo e me dissolvo...
Ando no universo...
E mais uma vez, renasço perante a eternidade...
E apesar dos tropeços.
Sempre paro no amor...