GRITOS SURDOS DE UM POETA

por Regilene Rodrigues Neves

Sofro de transtorno de sentimentos

Eles derramam palavras de dentro

Querendo aquietar meus anseios...

De forma líquida

Escorrem da minha alma

Sobre a vida

Como se eu fosse morrer amanhã

Sem deixar escrito

Os meus gritos internos...

Eu que quando a alma

Ouve o silêncio

Se atira para dentro

Onde o incômodo barulho

Das palavras me excitam

E eu gozo sentimentos...

Deixo nas minhas reticências

Que ainda há muito mais

Dentro das minhas carências...

Num mergulho profundo

Me afogo na minha essência...

Numa despedida das palavras

Que partem das minhas estações

Ora de fases e de luas

Que ora cheias me transbordam,

Ora minguantes

Se aninham à minha alma

Dando colo aos meus refúgios...

De forma caudalosa

Intrínseca e minha

A poesia me transborda

E eu efêmera nas minhas ventanias

Escapo da minha morte,

Porque de poesia sobrevivo

Para ver o sol da manhã

Entrar na minha janela

Aberta para o amanhã...

E eu se quer sei

Que nada sei

Mergulho no meu infinito

Entre gritos surdos de um poeta...

E quando o amor em flor

Me transformam me dilato

Pra fora do meu átimo...

Em 02 de setembro de 2022