As Entranhas do Labirinto

Dentro de mim repousa uma força inquebrantável, daquelas que nem mesmo o peso do julgamento ou as angústias das agressões cotidianas são capazes de aniquilar.

Dentro de mim há uma chama, por vezes invisível, mas sempre incandescente.

Carrego em meu corpo a essência do descontentamento às indiferenças.

O meu viver reverbera a necessidade de sentir.

Sentir as dores, as paixões, o vazio e a completude.

Preciso sentir o Universo que habita em mim.

Uma demanda urgente que exige de mim a imersão.

O olhar contemplativo que acende a potência da ação.

É o viver que nasce junto a cada célula, nessa dança que se aproxima da morte a cada segundo.

E eu não abro mão de carregar aquilo que sou e para onde vou de forma vívida e destemida.

Como afirmou Jorge Luis Borges, "não haverá, nunca, uma porta. Estás dentro.", e estamos todos.

Numa alquimia inusitada, arrisco dizer que esse "Labirinto" converge com o "Eu", de Augusto dos Anjos.

Observo a coaslescência dos elementos em nosso ser e a nossa pequenez diante do Universo, mas que, ao aliar ao poema do argentino, crio uma via dual de compreensão sobre essa busca incessante, que carrega em si a grandeza do que somos até encontrar a saída dessa sombria e intensa estrutura confusa de múltiplos caminhos, no enredo da vida.