Super (eu) star
Somos corpos em decadência
pequenas estrelas
de uma constelação
orbitando ao redor
do próprio corpo morto
Às vezes saímos
para ver o brilho do sol
e à tardinha voltamos
para não perder
o enlace do astro com a lua
Nos núcleos cósmicos
falta amor e sobra mágoa
sobra egoísmo e falta samba
aprendemos a conviver
com o medo da ascensão
de meteoros e outros corpos
Jogamos para o universo
nossas sobras, nossos restos
com a esperança de receber
chuvas de paz e bençãos,
mas só recebemos
o cheiro da pólvora e guerra
Somos corpos em decadência
cartas marcadas no tarô
de outras vidas, outras galáxias
prestes a rasgar o céu poluído
de alguma capital imunda
Nessa vastidão o negrume
mostra que o futuro
é elegantemente risível
ele nunca espera ver o brilho
apenas aponta o caminho
e diz: uma estrela vai brilhar
Antes da queda
é importante brilhar
não importa quão distante
o importante é brilhar
não importa se a temperatura
cegará outras estrelas
o importante é brilhar
brilhar e morrer.