BOBO DE CLARICE
Começa assim: me afasto
— incomodado, inquieto.
Bem que me dizes: ocupa-te!
Chega a ser ousadia
Não fosse, calmaria
a mente de dentro.
Então me relanço
Miniacervo dos grandes
Pequeno, não aguento
tanta poesia
Que sim bem verdade
Bobo de Clarice...
Ah! se pudesse eu partir
em busca de mim...
Quando o fiz, não voltei
Parti sequer
Mas em mim confuso
Louco no peito
Como dizes mestre:
"Criança é fácil"
Porque pequeno quando grande
E quão grande o meu amor vazio.
Então me vês bobo?
Só isto direi:
Bobo é meu amor à toa
Não um qualquer
— porque assim é fácil.
O que espera sim — intenso.
Bobo de Clarice...
GONDIM, Kélisson. Bobo de Clarice. In: MARTINS, Gilberto. Palavra é Arte. Salvador: Cultura Editorial, 2013, p. 20)