Para meu abrigo amigo: vagão.
Muitas vezes eu fugi em direção aos trilhos,
Manhã, tarde ou noite o vagão era meu abrigo.
Sentava ali, tão velho, sem teto..
Mas, meu vagão me abraçava e por mim transmitia afeto.
Nele naveguei em aventuras sem sair dos trilhos,
Me descobri com amigos, cantei, fiz amizade com artistas andarilhos.
Tive medo quando escurecia,
Mas, eu era corajosa e bravia.
Me escondia do caos e nele fiz paz,
Meu velho vagão sempre silencioso porém sagaz.
Alguns lugares nos ensinam com suas ferrugens de resistência,
Meu vagão permanece imóvel no seu lugar transmitindo paz e experiência.
Ele pode ter carregado grandes fardos,
Gritos de inocentes ou minério,
Isso pra mim sempre será um grande mistério.
Mas quando o conheci ele era só o que lhe restou,
Há agora marcas, copos, garrafas, histórias que o vento levou.
Estou longe de você vagão amigo,
Mas minhas histórias contigo estão em mim,
Vou lembrando delas e vou sorrindo por aí.
Espero poder te revisitar,
Sentar e esperar ver para qual lugar você irá me transportar.