A FORMA ETÉREA DO CORPO 26 💠
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Que nosso corpo há de ser um vento
Quando não mais for o corpo
Quando for névoa
Etéreo e tênue
E nossa alma informe há de ser esse vendaval a esculpir nosso corpo de névoa e tempo escasso
Preso na resolução dos momentos
Quantas vezes atravessaremos a grande estrada que leva ao fim?
Nenhuma
Não dá tempo
Apenas começaremos
E teremos a ilusão de fazermos algo
Quando na verdade estaremos tão longe do fim
Que aparentará estarmos próximos, de tão breves que somos
Ilusão corpórea de ótica
Que mãos hão de esculpir o tempo?
Ou que olhos hão de enxergá- lo?
Que ampulheta há de conter todos os grão do tempo?
De mãos dadas vamos todos na direção contrária à dos ventos
Os grandes labirintos mágicos
A grande artéria flui e enche as colunas
Frágeis construções que hão de perder-se e dar lugar a outros corpos
A grande ilusão de vivermos ancorados
Se dissipa como os sentimentos
Enquanto a avalanche nos leva até o fim do que seremos
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Choveu em um canteiro nas nuvens
Nasceram flores plácidas
Infladas e aeradas
Que pularam do céu sem para-quedas
Em direção à Terra
Pra enfeitar as sepulturas
De uns cabeças-de-vento.
07/08/2022
09:25hrs