Cotidiano

Desanda a perturbar todo o ambiente

Luz no visor, tecla apertada, silêncio

Chão frio, assim como a água que cai sobre a cabeça

Não é a mesma que está borbulhando na chaleira

 

Delicado apenas o perfume exalado no banho

Um pequeno chacoalhado no braço de um

Sutileza ao puxar a perna do outro

Reclamações misturadas com desejos de um dia bom

 

Vento, poeira, caminhar pela rua

Braço levantado, cheiro de freio, buzinas

Aqui está o seu troco, clique da roleta

Com licença, bom dia, obrigado

 

Escola estadual de ensino fundamental

Mais uma vez, me desculpe pelo atraso

Papéis, cobrança, medo, humilhação

E a mente girando sem saber no que pensar

 

O odor da comida, o bipe do microondas

Duas, três garfadas, vai dar tempo de descansar

Mensagens no aplicativo, tá tudo bem, estamos ótimos

O corpo esmorece, alardeado pela pergunta retórica

 

As contas não fecham, assim como a tampa da cafeteira

Não tem de onde cortar, a não ser esse pão vazio

Braço esticado, boa tarde, obrigado

Final de expediente, seguir sentido bairro

 

Um anjo no braço e o outro segurando a mão

Obrigado por tudo, tudo bem, até amanhã

Esse ano o Papai Noel deverá tirar férias

Mas se nada der certo, posso virar circense

 

Garantido ao menos o sustento dos dois

O leite quente que embala o ninar

A pilha de roupas que aguarda na área

E em um piscar de olhos, vejo o dia raiar

Rummenigge Rossi
Enviado por Rummenigge Rossi em 07/08/2022
Reeditado em 07/08/2022
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