À LUZ DA JANELA AMADEIRADA
À luz da janela amadeirada
Um sorriso quase atento
Doutro lado encostado
A séria face da vida vivida
Dedos entrecruzados ao vento
O fundo jamais os deslaçará
Guarida à luz do dia e raízes de
duas histórias numa única história
O rosto e o riso desatentos
E a rugosa face são caminhos
que perfazem os registros fiéis
de vida, de luta, de glória...
Mas as solidões se acomodam:
foram-se os frutos fraternos
foram-se as cores dos olhos
e dos cabelos e lábios rugosos
E os cansaços se acomodam...
Mas os vértices do fundo
que se fincam e permanecem
cravadas no peito do Lar
E o fim é o começo da vida
E a vida é o amor à janela
vendo a vida
que finda passar...
(GONDIM, Kélisson. À luz da janela amadeirada. GONDIM, Kélisson (Org.).
In: Vozes Perdidas no Tempo. Brodowski: Palavra é arte, 2020, p. 154)