MEU POMAR
Eu alvoreço com o apertar da tua mão
A doçura do teu jeito orquídeo-azul
Se tu me podes afastar a solidão
Eu te convido a navegar à Istambul
Eu me refaço no bailar do teu cordão
Na tua nuca perfumada de alegria
Se teu olhar me transmite compaixão
Eu te convido a caminhar à luz do dia
Mas não dou conta dessas tuas incertezas
Se te mostro um caminho para desenhar
As tuas cores que camuflam as avarezas
E o meu desejo de por ti querer mudar
Eu me desfaço na avidez de outro fim
que arrefece minh'apetência de assomar
Desnutrido errante às águas de Jobim
Teu baloiço, teu prelúdio, meu pomar...
(GONDIM, Kélisson. Meu pomar. GONDIM, Kélisson (Org.).
In: Vozes Perdidas no Tempo. Brodowski: Palavra é arte, 2020, p. 149)