Triste solitude

Diziam que ele andava só,

Sempre calado,

Cabisbaixo,

Terno e gravata,

Com um torto nó.

Na realidade,

Uma multidão de pensamentos o acompanhava.

Tentando dar ordem à tudo,

Um cigarro acendia,

E com prazer,

Fumava.

A cada tragada,

As coisa se alinhavam,

Separava o joio do trigo,

Avaliava o tudo,

Descartava o nada.

Adepto do Ansiolítico,

Chamado cachaça,

Era pura,

Assim como sua reflexão,

Sobre o avesso do mundo,

Onde o tempo não para.

Há tantos caminhos,

Escolheu o mais fácil,

Que se tornou o mais difícil,

Pela cobrança imposta pelo mundo.

Pessoas não o entendiam,

E o criticavam.

Assim,

Sempre que podia,

Fugia de si,

Dos outros.

Cabeça tonta,

Assim relaxava.

Ah cobranças!

Não é só de dívidas,

Para tudo há um padrão,

E para aqueles que não seguem,

Exclusão.

Sofreu por valores alheios a sua personalidade,

E as dores?

Quanto mais sentia,

Mais apanhava.

A bruxaria o salvava,

Poção mágica.

Jogava uns trocados no balcão,

Em troca um copo,

Completo pela malvada.

Agora encarava o mundo,

Não tinha medo de nada,

Batia,

Apanhava,

Xingava,

Mandava tudo às favas.

Até ser consumido pela sensação de sono,

Kriptonita é o travesseiro,

Ali,

A cabeça relaxava.

Acordava,

Deixava a moral na cama,

Pra que?

Não servia de nada,

Outro dia,

Nada aconteceu.

Deus deve estar ocupado,

Atende por hora marcada.

A vida é um eterno retorno,

Coragem em doses,

Começo de tudo,

E início do nada.

A solidão acomete a quem não pensa,

Não fuma,

Não bebe,

E ainda anda sozinho.

Triste solitude.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 18/07/2022
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