-fui baixo,
mais não fui torto.
perdi , mas se homem sou,
homem fui.
descasquei luas e frutos
de amores
partidos,
e
sofri.
e tá,
tá escrito,
aquele homem da vez
nasceu prá sofrer de amor !
falo, mas não me enrosco:
perdi o amor dela
e
foi todo meu junco
de mundo também se foi !
mas que mundo?
todo mundo já morreu,
e, quem não foi, arremeteram
para a velhice dos orfeus !
louco da vida:
perdi o que mais amava
que agora já não sei
o que é,
muito desvario,
em todo louco !
mas o coração brada,
apesar de estar
louco e descompassado,
fácil, e já sem asas
de sonho sempre ficar !
sei que houve,
em algum lugar,
e lá,
é que foi,
é lá que
pousou.
eu vivi
um certo sonho.
meio sonzo.
sei que é certo
pois o tempo
já passou
cem anos,
e seu espírito
róseo e moreno,
ronda o meu.
numa louca paixão
de vento de medo,
e de saber que,
espíritos existem
por bem, ou por mal.
sei lá,
dá medo até de pensar
que tem bruxaria,
nesse meio
de amor,
pois
em plena e obesa
noite de inverno,
com
ar de outono,
sou enfeitado
de flores
de cor,
de manso, no seio
de córregos, com
todos mandando:
- vai, navega
pro berço de seu
eterno amor !
Mas para isso tudo
que entoa a canção,
é preciso viver e amar
as valsas que brotam
de seu
coração.