O ideal
Ainda é cedo! É o que dizem…
Mas as horas enganam
Na verdade, já está tarde
Para começar tudo de novo
O relógio sempre se move
Daquele mesmo jeito
Mas a ansiedade no meu peito
Faz com que os ponteiros
Pareçam mais impiedosos
Eu tenho medo de sumir
Medo de não lembrarem de mim
Eu tenho medo desse medo
E medo que o medo se torne medo
Eu olho as construções gigantes
De tantos gigantes ao meu redor
Todos parecem tão importantes
Todos parecem não sentir dor
Eu vejo um mundo cheio de heróis
Eu pelejo para não me tornar vilão
Eu me apedrejo em nome do medo
Eu quase não mais me vejo
As ruas estão sempre lotadas
Há sempre pessoas sorrindo
E há sempre sorrisos lindos
Há sempre perfeição nos rostos
Sempre nos melhores esboços
Eu respiro o mesmo ar que todos
Mas não consigo me saciar
Parece que meu ar é mais porco
Parece que não consigo respirar
O chão que eu piso se move
Mais rápido do que posso andar
O sol se põe mais depressa
Do que eu consigo assimilar
Os ternos que eu vejo nas vitrines
Vestem corpos esculturais
As Mulheres que aparecem de biquíni
Nas manchetes dos jornais
Reforçam ainda mais esses ideais
Eu queria ser ideal, mas sou só eu
Para o mundo, nada!
Para mim, tudo!