Carta ao Passado.

Não espere por mim,

Não vou voltar.

Apenas parti,

Segui em frente,

Abri a porta,

Sobrevivi.

Não fui muito longe,

Sempre estive por aqui,

Entre as idas e voltas,

Não esqueci de você,

Mas,

Algumas lembranças perdi.

Excessos,

Não pude conter,

Com a falta,

Pude conviver,

A nostalgia vezes aparece,

A curto,

Degustando com uma dose de cachaça,

Adocicada com licor de canela,

Fecho os olhos,

E sinto o poder,

Que faz com que as paredes do tempo,

Possam se quebrar,

E eu,

Retroceder.

Acaba.

Paredes erguidas,

Estruturas reconstruídas,

Sigo,

Rumo ao fim.

Não me julgue pessimista

Talvez um realista,

Não há bom,

Ou ruim,

Tudo nesse mundo é assim,

Acaba,

Tem fim.

Enquanto ele não vem,

Insisto em seguir,

Todos os dias acordo de meu último sono,

Penso no que foi,

E no que está por vir.

Degusto meu último café,

Deixo a fumaça de meu último cigarro,

Meu peito invadir,

E evadir,

Assim,

Como é.

Minha última preocupação se desfaz,

Foi com o vento,

Talvez volte,

Ou nunca mais.

Ouço a última música,

Que todos os dias insiste em tocar,

Preparo meu último almoço,

Separo meu último jantar.

A noite cai,

O sono vem,

E tudo se repete,

De forma diferente,

Sempre a frente,

Em um eterno vai e vem.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 31/05/2022
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