Um sinal vermelho para a morte
Ato I
De fato,
o asfalto
rima ― imperfeitamente― com palco.
Mas... digamos não
à tragédia,
por favor.
Encenemos a comédia,
com louvor.
Álcool rima com palco?
Sim... e não...
Sr. Diretor, alta velocidade
anda ―ou voa, dispara? ―
(pena que não seja
“diz pára”)
pari passu
irmanada com a infelicidade?
Alta ferocidade/racionalidade falta...
Tragédia no asfalto
em alto tom/alto som.
Sirenes de ambulâncias,
gritos de sanguinolência
em enorme ânsia...
Nas rodovias, avenidas...
menosprezadas vidas,
(f)rotas homicidas,
suicidas,
fratricidas...
Faixa
de ira/cionalidade...
Ato II
Na cena do beijo,
CORTE!
Só há lugar para cenas de morte.
Choque, baque forte.
Os pára-choques de dor.
Motoristas, Acorda, vida!
motoqueiros, Evitemos
ciclistas, a
pedestres... cor
da
morte.
Queremos
a
cor
da
arte.
Verde?
Amarelo? Quem
Vermelho? morre?
Pare! Quem nos
Olhe! só-corre?
Siga...
e
MORRA!
Ato III
Automóveis,
ônibus,
caminhões...
policiais,
bombeiros,
paramédicos,
médicos...
Funerais:
crianças mortas
em ônibus escolar...
Quando essa peça mu/da/rá?...
Chega de tragédia!
Os mesmos personagens sempre
a morrer...
O mesmo figurino.
Mesmo roteiro.
Mesmo desfecho.
Quero um final feliz.
Bem feliz, ao menos desta vez.
ri(r)mar
Vida é que deveria com arte.
ri/mar
PARE!
Sinal vermelho para a morte!