MEU ÚLTIMO POEMA

Não ilumine os meus lábios,

Quem um dia apagou

O brilho do meu sorriso.

Não acaricie os meus braços,

Quem outrora, não quis

O calor dos meus abraços.

Não me fale de felicidades,

Quem um dia só me fez infeliz.

Não afague o meu peito inerme,

Quem um dia magoou meu coração.

Não enxugue as minhas lágrimas,

Quem um dia só me fez chorar.

Não me fale de afeto,

Quem um dia me negou amor.

Não me cante uma canção,

Quem um dia negou-me a voz

Quando eu dei bom dia.

Não chore na minha morte,

Quem na vida não me fez sorrir.

Não jogue flores no meu túmulo,

Quem um dia não tirou as pedras

E os espinhos do meu caminho.

Não beije as minhas mãos,

Quem um dia, por orgulho,

Negou-se a cumprimentá-las.

Não guarde a minha efígie

Dizendo ser recordação de amor,

Quem um dia esteve do meu lado

E não soube dar valor...

E não faça juízo crítico do meu texto,

Quem alheio está ao tema

Ou simplesmente desconhece que,

Assim eu queria o meu último poema.

Citação: Lei 9.610/98.

De Fevereiro de 1998.