Criança
Uma casinha amarela,
Com muitas cortinas
Uma linda e luxuosa decoração
Com o mais gostoso sofá
Com a mais gostosa cama, e um fofo lençol retalhado
Que de deitar afunda, aconchega, cobre com a manta feita de ouro e diamante,
Uma casinha amarela,
Foi dado toda a tubulação, como veias na parede, como sangue a água percorre todo cano, abrindo o chuveiro, bate o coração,
Uma casinha amarela,
Nunca foi rosa, bege, vermelha
Sempre branquinha por dentro, seu jardim nunca pisado, suas flores sempre podadas
A sementinha de girassol jogada,
nasceu ali o feijão,
Uma casinha amarela,
Não tem saída, não tem janela
Iluminada pelo brilho de um arco dourado
Esquentou seus pés descalços
Não quis colocar o tênis
Quis deitar e tomar vinho quente
E fingir que ali tomava café,
Sobre um buraco falso, olhava atenta
Sua criança correndo sobre o mato nunca pisado, dançando, rindo alto
Enquanto seus olhos a criança invejava
Ia embora na nuvem, balançando a criança mal criada,
Que nunca dançou a verdadeira canção.