Quase, e se?
Adoro a inconstância vindoura
do amanhã que talvez chegará,
a inapercebivel ansiedade do futuro.
mas o que amo de fato
é viver em voz alta,
viver gritado como quem usa fone
no último volume enquanto tropeça;
amo a incógnita de
viver em uma tela acrômica
que se pode colorir a cada dia.
No entanto
o que mais odeio de fato
é a improbabilidade do quase,
sua inconstante batida sem ritmo,
o vazio morno estendido diante
do medo do risco, da tentativa falha.
fazendo-me lembrar do que poderia,
do que nasceria se fosse,
mas não foi.
Paschoal, George