G A N G O R R A
G A N G O R R A
Quando grita meu silêncio
Mudando fisionomia,
Vivo embate graúdo,
Há algo que não queria;
Amargo cala até mudo
Ferindo a melodia.
Quando a felicidade
Invade também meu corpo,
Os joelhos querem dobrar
Sem reclamar desconforto;
Rosto olhando pra cima,
Boca só querendo louvar.
Em momentos tão distintos
Corpo responde por alma
Num autêntico dueto,
Cada qual com seus instintos
Impressos num só panfleto
Ao vento, num labirinto.
Alternância dum e doutro
É da vida a essência,
Gangorra que nunca para,
Que mede resiliência,
Mede tamanho do querer
Ainda que sem parecer.
Euforias não são longas
E as tristezas também não,
Muda data, muda lua,
Assimile meu coração;
O que nunca pode mudar
É a fome de superação.