Tenho luz de disfarce,
comodato de três quartos;
num, farelo solidão,
noutro me perco de fanfarrão!
Pois olho que te falo:
Solidão é coisa braba -
bate e atarracha melros
de desespero - em qualquer casta.
Por isso tenho luz e disfarce:
numa ora sou pó de varrer,
noutra, choro até escurecer,
tanto lá,
como cá,
na fase negra da Lua
na sombra eterna do Sol.
Primavera que é bom
nunca veio aqui.
- Ela tem o dom de não
visitar os sós !
Agradeceu de bom agrado
e imaginou:
que faz esse homem?
perdido dentro de si mesmo
sem ter ao menos
um corpo de vestir !
O que esse homem faz aqui ?
Pois lá digo,
sem sabor de vitória,
- já no fim -
das letras.
Esse homem é aquele que
foi mandado pros confins
dos dias sem aurora !
Foi amado e, de branco,
e mando sem cor,
para os caminhos sem fim,
outrora chamada de magia
de um grande amor !