A Juventude
Eu sou cheia de sonhos antigos.
Como para o meu corpo está o sangue,
Para o meu coração, os sonhos.
E antigos são como o que me fez
Mover pela primeira vez,
E antigos como o ar em meus pulmões.
Eu sou cheia de sonhos antigos.
Sonhos que eu nasci sonhando,
Suntuosos como os passos que me
Levaram longe deles,
Cintilantes como a luz que os reacendeu.
Santos e serpentes, signos e sóis,
Simples como os mares navegados,
Antigos são os sonhos que me preenchem,
Secretos como a essência do silêncio pronunciado.
Em todas as minhas idades,
Eu, cheia de sonhos antigos.
Fossem sonhos em meu esquecimento guardados,
Sonhando serem por mim sonhados,
Sejam sonhos despertos no meu realizar,
São todos os sonhos os mesmos,
Os mais antigos que a minha consciência de sonhar.
Eu sou cheia de sonhos antigos,
O sangue do meu coração,
O primeiro mover do meu corpo.
Sonhos de antes de nascer o ar,
Passeando suntuosos dentro de mim,
Quando longe de cintilar na luz
Do meu reascender em sonhar.
Sonhos mais antigos que o segredo do silêncio,
Que a essência dos sóis sobre os mares,
Simples no que me preenchem.
Antigos são os sonhos que fizeram a idade em mim,
Eu sou a idade dos meus sonhos,
E no meu corpo, santos são os signos
Da idade dos meus sonhos.
Eu sou cheia de sonhos antigos,
Sonhos nascidos antes da minha consciência sonhar,
E sou cheia, no corpo e no coração,
Da idade dos sonhos,
Como o primeiro respirar,
É a juventude sempre em mim a suspirar.