A Desconstrução
Eu vou a chão, e que nada me sustente.
É face a face não no espelho de mim,
Mas no que sou sem imagem.
Eu vou ao chão nas minhas construções
Ora ver ruir os cuidados e as bases,
E que nada me sustente nas cinzas indistintas,
E que nada me decifre no caos e no queimar dos olhos:
Que do pó e da lágrima,
Depois que vento é do tempo ação,
Há de ser água a emprestar à vida condição,
Num instante do que é prestes a se fazer,
O nada se figura em ponte,
E eu vou ao chão, em água deitar,
Não me sustento,
E há de ser o fogo a vida a começar,
Se espalhar eu, pela água, em meu elemento.
E eu vou ao chão, sem laços de sustento na base,
Lapsos da construção, amando o ruir dos espelhos:
Meus reinos sem capitais.
Não mais reflexo, eu sou imagem.
Eu vou ao chão sem cuidados,
Mesmo que indistinta nas cinzas,
O caos se decifra no queimar das águas nos olhos:
Na lágrima o tempo em ação que com o vento vem o depois.
E dos meus olhos me fiz de vida condição e do nada um instante:
Criação, eu em meu elemento.
E eu vou ao chão, porque sou ponte,
E no fogo a vida pela água, do começo ao se espalhar,
Eu em meu sustento.
Eu vou ao chão, para chão ser.