CREPÚSCULO
Agora, o que resta desta vida afinal?
Viver intensamente, eu vivi.
Felicidade plena não consegui.
Amizades sinceras conquistei,
Desafetos, deles desisti.
Para alguns, felicidade ofertei,
Para outros, bons desejos omiti.
Arrependimentos, provavelmente,
Remorsos, possivelmente.
Alegrias, muitas tive,
Tristezas, umas tantas.
Sorri para todos, com emoção,
Em silêncio chorei, só, na solidão.
Lágrimas de outrem enxuguei,
Meus prantos, eu mesmo os sequei.
Se fiz sofrer, talvez,
Se fiz chorar, quem sabe,
Se fiz sorrir, talvez, quem sabe.
Perdão, humildemente pedi,
Perdoar, com soberba perdoei,
Creio que mágoas apaguei.
Num dia eu aprendi,
Noutro eu ensinei.
Caminhos segui,
Lugares alcancei,
Por vezes não cheguei.
Sonhos, em abundância sonhei,
Pesadelos, foram tantos, que nem sei.
O tempo passou,
Amores se foram.
Canções se emudeceram,
Amigos partiram,
Lembranças se perderam.
Amei, com intensidade,
Com intensidade, fui amado.
A velhice chegou e,
Antes que a alma se aquiete,
Só peço outra vida, perene...
Sobre o autor:
Um ser completo, 100% humano.
Uma metade, quase perfeita, a outra, demasiadamente imperfeita.