A nublada auto imagem
Não há magia que salve
da mácula instaurada
em todo novo amanhecer
todo despertar, ela retorna,
mais densa, mais forte
me sacudindo outra vez, levando meu ar
confundindo a consciência, a memória
minguando a vontade, a esperança
dando vida às sombras nos cantos da visão
não sinto que era eu na minha pele ontem,
não sinto que era eu na minha pele 2 horas atrás
nada me garante que sou eu na minha pele agora
a minha voz, meu reflexo, as minhas trêmulas mãos
as minhas respostas a cada volta do universo
tudo parece estranho, nada parece parte de mim
o que me define, me guia, ou me limita?
o que me move, me inspira, ou me controla?
o que me faz ser o eu que não sei quem é?
toda pequena peça familiar,
o vento leva embora,
quando retorna a amargura,
e começa mais um dia;
quando eu encaro em contradição
o desconhecido que veste a minha alma
o corpo, não meu, apenas uma casca
é um estranho, não eu, apenas outra sombra
uma instável existência, que insisto em rejeitar