Agua-viva
A viagem não foi a toa!
Larguei da mão a coroa
minha causa proibida
fiquei entre a morte e a vida
entre o assado da panela e a cereja ali partida
Era uma despedida de solteiro
caso certo do pandeiro
que por menos que hoje eu creio
me daria um caldo bom!
Esse caldo tem poente
entre a dor e a semente
agora perdida em novo tom
Era um tom tão puro
agora barulho
que destoou o entulho
largado no chão
Terceto de ilusão
das escolhas
tinha carma, tinha bolha
na mola da sedução
Que me valeu a pena
por ver a pena perdida
largada da ave sentida
que pegou insolação
No corpo nú de bateria
que ora ora, não sabia
que descarregava enquanto pulava
o puleiro que eu fechava
pelo dentro que eu fervia
Feito ave que fazia barulho
mergulho da sorte que não vingava
Quando a vida estava farta
aberta como uma lata
cercada de água-viva
agora vida que me parte
como mágoa ali perdida
Feito adaga que me abate!
..............
Adaga
Corpo nú de bateria
que ora ora, não sabia
Descarregava enquanto pulava
Na candeia que eu fechava
pelo dentro que eu fervia
Feito ave que faz barulho
Mergulho na sorte que não vingava
Quando a vida estava farta,
aberta como uma lata!
Cercada de água-viva
nessa vida que me parte
Como mágoa ali perdida
Faca adaga que me abate!