Agua-viva

A viagem não foi a toa!

Larguei da mão a coroa

minha causa proibida

fiquei entre a morte e a vida

entre o assado da panela e a cereja ali partida

Era uma despedida de solteiro

caso certo do pandeiro

que por menos que hoje eu creio

me daria um caldo bom!

Esse caldo tem poente

entre a dor e a semente

agora perdida em novo tom

Era um tom tão puro

agora barulho

que destoou o entulho

largado no chão

Terceto de ilusão

das escolhas

tinha carma, tinha bolha

na mola da sedução

Que me valeu a pena

por ver a pena perdida

largada da ave sentida

que pegou insolação

No corpo nú de bateria

que ora ora, não sabia

que descarregava enquanto pulava

o puleiro que eu fechava

pelo dentro que eu fervia

Feito ave que fazia barulho

mergulho da sorte que não vingava

Quando a vida estava farta

aberta como uma lata

cercada de água-viva

agora vida que me parte

como mágoa ali perdida

Feito adaga que me abate!

..............

Adaga

Corpo nú de bateria

que ora ora, não sabia

Descarregava enquanto pulava

Na candeia que eu fechava

pelo dentro que eu fervia

Feito ave que faz barulho

Mergulho na sorte que não vingava

Quando a vida estava farta,

aberta como uma lata!

Cercada de água-viva

nessa vida que me parte

Como mágoa ali perdida

Faca adaga que me abate!

Vera Mascarenhas
Enviado por Vera Mascarenhas em 19/03/2022
Reeditado em 30/07/2022
Código do texto: T7476387
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