Morte em Vida - Frangalhos
Sinto que estou nas últimas.
Meu interior agoniza e sofre;
Os urubus indiferentes, repartem entre si o que ainda vive e cada um quer a parte que lhe parece mais atrativa à sua fome.
Uns, querem minhas pernas e pés…
Pois sentem que precisam de alguém que os erga, sustente de pé e os ajude a caminhar, que os levem para onde exista alegria e paz.
Outros: meus braços e mãos…
Braços, para que recebam o colo, o abraço, o aconchego há tempos esquecido.
Mãos, Que ajudem também a segurar antes de uma queda, a dar carinho nos momentos de tristeza e simplesmente a estender-se na direção do que precisa.
Há quem precise dos meus ouvidos..
para que debulhem suas lamúrias e sempre possam ter quem os ouça.
Ou dos meus olhos…
Para sentir que podem ser vistos com olhar de ternura e paciência.
Talvez, levem também minha boca…
Com todas as palavras de incentivo, amor e bondade, para ouvi-las repetidas vezes, uma a uma, fazendo-os sentir-se mais fortes.
Contudo isso que levem, talvez não percebam; que o que dentro de mim ainda resta, vive por estar unido ao que externizo.
E quem me vê sorrindo ou chorando, não entende o que preciso receber, pois está mais ocupado em retirar o que ainda eu tenho para oferecer.