Tartaruga Nova🐢
Do jeito que a vida anda
Não para, ela tem pressa
Sou tartaruga nova olhando pela fresta
E num impulso muito louco
Me ergui e consegui sair
Do escuro mais profundo e oco
A calmaria que eu temi
Até que senti em meu corpo os raios do Sol
Numa manhã tão linda e fresca
Banhada pelas ondas do mar prateadas
Bem diante de mim
Grandiosidade sem fim
Esse foi o meu primeiro som...
Som de espuma estourando
Num vai e vem
Cada vez mais forte...
E eu só queria seguir aquele marulho
Mágico e perpétuo
Seguindo fui e percebi
Que nada poderia me parar
Porque de algum modo eu sabia que estava quase lá
De sorriso aberto ao desconhecido
Mas gaviotas surgiram
Por todo lugar
Para fazer o banquete dos meus irmãos a rastejar
Bombardeios, bicadas, confetes
Devorados foram, os pivetes
Eu, porém, escapei de vista
Em minha casca coberta de areia
Escondido fiquei
Não olhei para trás, mesmo assustado
Continuei a trilhar um caminho cego
Na certeza de encontrar um mundo inteiro a ser desbravado.
E cá estou deixando o meu legado
Para além das gerações
Que atravessei em alguns mergulhos.