REDOMA
Um dia, minha flor,
Virá o vento,
E não existe cola quando as pétalas caem.
Um dia, caminharás sobre a brasa
E quem sabe, descubras
O pode das tuas asas.
Haverá uma noite
Em que terás de dormir lá fora,
No sereno,
Sentindo o peso e a dor do desabrigo,
E talvez descubras
Quem é o teu amigo.
Se eu pudesse, minha flor, te ergueria
Acima de tudo,
Acima do mundo,
Calçaria teus pés com meus sapatos
E te desviaria de cada abismo.
Mas se eu o fizesse, de toda forma, tu morrerias,
Só que mais fraca, e talvez, antes,
Sem ter sentido que o vento que derruba,
Também refresca,
Que a solidão às vezes, é melhor que qualquer festa,
E que as asas só surgem
Diante do abismo.