REDOMA

 

 

Um dia, minha flor,

Virá o vento,

E não existe cola quando as pétalas caem.

 

Um dia, caminharás sobre a brasa

E quem sabe, descubras

O pode das tuas asas.

 

Haverá uma noite

Em que terás de dormir lá fora,

No sereno,

Sentindo o peso e a dor do desabrigo,

E talvez descubras

Quem é o teu amigo.

 

Se eu pudesse, minha flor, te ergueria

Acima de tudo,

Acima do mundo,

Calçaria teus pés com meus sapatos

E te desviaria de cada abismo.

 

Mas se eu o fizesse, de toda forma, tu morrerias,

Só que mais fraca, e talvez, antes,

Sem ter sentido que o vento que derruba,

Também refresca,

Que a solidão às vezes, é melhor que qualquer festa,

E que as asas só surgem

Diante do abismo.

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 04/03/2022
Reeditado em 19/07/2023
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