Eu sofro de saudade.
Eu sei,
eu sei que sofro de saudade,
de um tempo já distante,
mas que meu corpo sente, sofre e arde.
Não compreendo me sentir assim,
queria olhar só para frente,
mas basta um certo aroma ou uma música,
que tudo volta em minha mente.
Eu sinto inveja das crianças,
de sua alegria que não cessa.
Não sabem de guerra, não sabem de dor,
só alegria lhes interessa.
Ah se eu pudesse voltar no tempo,
da minha inocência e pouca idade,
onde não podia perceber,
os males da humanidade.
Voltaria para o colo da minha avó
e seu abraço apertado.
O seu orgulho era eu,
ela deixava muito claro.
Voltaria para junto de minha mãe
e para nossas eternas caminhadas.
Dividindo um prato feito,
pelas favelas sem calçadas.
Voltaria para os braços de meu pai,
nos aguardados finais de semana.
Boa comida e boa música,
dormindo os dois na mesma cama.
Não era um tempo de fartura,
era total simplicidade,
mas eu sentia todo o amor
e desconhecia a maldade.
A vida adulta me consome,
talvez eu seja muito frágil.
Não quero dar-me por vencido,
vou superar esse estágio.
Quero enxergar as alegrias,
da atual realidade.
E assim, então, talvez um dia,
acrescentar nova saudade.