AVIDEZ
Às vezes, penso que, morrendo,
ninguém voltará a viver;
outras vezes, vou crendo
que se nasceu uma vez
é provável que volte a nascer.
Sigo em frente, vou vivendo
sabendo que vou morrer;
alegre, sorrindo, triste, sofrendo...
ciente de que, talvez,
o fim seja deixar de ser.
A dúvida tritura, vai moendo
o que eu acho saber;
meus olhos não estão vendo
que tamanha avidez
só me faz desfalecer.
Enquanto escrevo, vou lendo
o que acabei de escrever;
percebo que quem está escrevendo
não sou mesmo eu,
mas alguém a me dizer.