A Passista
Entre confetes e serpentinas,
Fantasiada de colombina
Saí à procura daquele pierrot
Que me ofereceu
Um pouco da ilusão
De um Carnaval
Em vão...
Estavam todos ocupados
Com seus celulares ligados
Atrás de um amor virtual
Vi sorrisos falsos, rasgados,
Vi dentes podres, escancarados,
Olhares esbugalhados,
Rostos mascarados, disfarçados
Brindando, fingindo-se
Apaixonados...
Tentei gritar :
É Carnaval...
Caiamos na folia
Tive meu grito
Sufocado
Não pelo som
Do tamborim,
Não pelo choro
Do arlequim...
Esquecida,
Perdida, na pista
Errada...
Por fim,
Vestida de
Passista
Com sandálias
Prateadas,
Pernas à vista,
Sentindo-me
A mais bela
Das belas...
Aportei na
Passarela...
E, como nunca,
Sambei...
Adornada da mais
Exultante alegria
Exuberante naquela
Fantasia
Desfilei
E, na avenida,
Sob aplausos e assobios
Voltei à vida...
... Só você não viu.
"Foi um rio que passou em minha vida e o meu coração se deixou levar..." (Paulinho da Viola)
bmh@ em 15 /02 /2020