gabriel (todos os poemas de paixão são ridículos)

eu já não te tinha por perto

quando discretamente olhava

para as tuas mãos, para os teus pés

para a tua nuca, dias e mais dias

noites e mais noites, sois e mais sois

já nasceram, e já se poram

mas apenas uma lua cheia veio

e ela já mingou, já desapareceu

e já voltou nova, agora crescente

a me fazer repetir um mesmo ciclo

onde os mesmos desejos

que não escolhi

se mantem vivos

sem agenciamento, me abusam

as mesmas chamas ainda me queimam

e me mantem escravo

enlaçado em tua imagem

vendo de mim tua sobra

onde uma mesma dor também

se faz ...

a próxima lua cheia vem vindo

e eu já te entreguei todo o meu desejo

e ela cresce junto

com o que de ti,

também cresce em mim.