Trajetória de uma alma
Nas claustrofóbicas amarrações em que a infância se fez
Ainda assim, como a flor rompendo o asfalto
Resisto
E resisto ainda agora
Quando a névoa é senhora conhecida
E sei caminhar sobre as pedras
Ainda que indignada e estupefata
Como ninfa, quase a flutuar
Sabiamente protejo
O todo que me compõe
Da degradação que me convida
A seguir, anestesiada
Resisto
As borboletas fizeram um muro que blinda a higidez
Através da poesia
E a água é indeclinável elemento que purifica o sofrer da alma
Completo, o rito da ablução
A vida, que não cabe nesse invólucro,
Pulsa e se transporta
Entre as estrelas, se energiza
E volta para dar sobrevida
Ao poema que se faz no cotidiano
Da mente lúcida e obscenamente inquieta
A poesia segue, como arma essencial
A defender
Inquebrantavelmente
a sanidade