O professor que não sabe nada.

Muito menino, adolescente,

eu já sabia, lá na escola.

Clotilde Peluso, em Santo André,

dali não mais quero ir embora.

Escola pública, periférica,

com mestres tão batalhadores,

amigos mais que inesquecíveis,

grupo real de vencedores.

Vínhamos de longe, caminhando,

por ruas, becos e vielas.

Cada um seu drama, seus lamentos,

a maioria das favelas.

A merenda é coisa séria,

pra quem não pode ir na cantina.

Muito obrigado grande Lucia,

Sua comida é coisa fina.

Nesse sistema me "formei"

e fui pra vida, fui pra fora.

Meu coração dói, quero ficar,

é o começo de uma nova história.

Trabalhando e estudando,

duas jornadas, sem massagem.

Assim fiquei por muitos anos,

"Pro" pobre a luta é selvagem.

PUC/SP, na Monte Alegre,

quase 3 horas pra chegar.

A caminhada era longa,

mas não deixei de acreditar.

Fazer mestrado foi incrível,

mas fiquei bem assustado,

a galera era fera

e eu tão pouco preparado.

Eu serei um professor,

que sabe pouco, quase nada.

Como ajudar os meus alunos,

nessa minha caminhada?

Assim, então, compreendi,

como posso ajudar.

É motivando, todo dia,

a progredir, perseverar.

Conheço os seus olhos cansados,

também nunca tinha dinheiro.

Mas sendo esse o seu sonho,

se dedique por inteiro.

Agora tenho que estudar,

o preparo nunca acaba.

Lhes deixo um beijo carinhoso,

do professor que não sabe nada.

Nicollas Madeira
Enviado por Nicollas Madeira em 27/01/2022
Reeditado em 27/01/2022
Código do texto: T7438749
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