Ribalta apagada

Mesmo com a ribalta apagada,

Desempenhas bem, o teu papel.

Atriz no palco, triste, abandonada,

Ergues tua taça e bebes fel.

Contracenastes só, e sem ator,

Eu sei que a parceria te faz falta.

Sentes neste palco, imensa dor.

Choras com o breu desta ribalta.

Vá, digas embalde o teu sonho,

Não terás aplausos de platéia.

Uma coisa apenas, te proponho:

Fujas desta insana odisseia.

Tua peça é vã, é desperdício,

Fizestes sonho lindo naufragar.

Tenhas sentimento mais simplício,

Para terdes luz no teu olhar.

Idílio, devaneio e utopia,

São todas as razões da tua arte.

Com a solidão, sem harmonia,

Tu fazes desamor por toda parte.

Ficas a chorar, triste no palco,

Com rude diretor sorrindo à beça.

A tua atuação foi um desfalco,

A vida enfim, pregou-te uma peça.

Valério Márcio
Enviado por Valério Márcio em 23/01/2022
Código do texto: T7435262
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